A agência Wieden + Kennedy de Londres já criou diversos anúncios fantásticos para a Honda, e um deles particularmente me agrada mais do que qualquer outro. Não que "COG" não tenha um conceito fantástico, sim, ele tem, mas a radicalização na forma tomou proporções maiores do que sua mensagem. Algo que não acontece com o maravilhoso "Grrr".
É um comercial simples na concepção, mas genial no resultado. Uma animação bonitinha com uma música engraçadinha. Porém, a idéia e toda a comunicação por trás dessa campanha são absolutamente irrepreensíveis. Uma verdadeira aula de como comunicar sem encher o saco do público e sem parecer petulante.
"Grrr" e todo o material em volta dele foram criados para o lançamento do primeiro motor a diesel da história da Honda. Por anos e anos, a empresa resistiu fervorosamente a esse tipo de motor. Kenichi Nagahiro, engenheiro-chefe de motores da Honda, sempre declarou odiar o diesel e que só concordaria em construir um motor do tipo se pudesse começar do zero.
Assim foi feito. E justamente o ódio de Nagahiro que, além de inspirar a Honda a produzir um motor a diesel melhor, inspirou os criativos da Wieden + Kennedy a criar o comercial "Grrr".
A premissa do filme quer nos mostrar que o ódio pode ser uma coisa boa. A trilha do anúncio cantada por Garrison Keillor ao som de uma guitarra arranhada fala sobre as alegrias e vantagens de se odiar. E assim a canção diz: "odeie algo, mude algo, faça algo melhor..."
O que vemos é o lindo mundo do ódio, composto por colinas verdes e acentuadas, habitadas por coelhos felpudos, pingüins e flamingos que de repente são invadidos por sujos, poluídos e barulhentos motores a diesel voadores. As máquinas infames espalham destruição pelo tranqüilo lugar.
Porém, os animais resolvem fazer algo para mudar a situação. Eles utilizam o ódio para o bem, e lutam contra os motores. Tacos de beisebol, ovos, cusparadas solares, cenouras que explodem e todo sortimento de armas bizarras são usadas pelos animais, até destruírem a última máquina.
No final, entra o novo motor a diesel da Honda. Os animais celebram e festejam pela máquina silenciosa e limpa, como uma verdadeira recompensa pelo ódio que usaram em favor do bem. Agora há muita alegria no bosque, e as criaturinhas cantam e dançam.
Um modo simples e non-sense de dizer que podemos usar o nosso ódio para mudar as coisas a nosso favor, para transformar o que achamos ruim em algo bom. Parece bobo? Mas o conceito é ideal e o público adorou
O comercial fez tanto sucesso na Inglaterra, que lançaram a música nas rádios como um single e o filme está sendo usado até mesmo como uma ajuda pedagógica em clínicas de reabilitação de drogas, onde a idéia de usar o ódio como uma força positiva para melhorar vidas é muito pertinente.
O conceito foi estendido a diversas outras mídias. Até um game em flash foi criado, onde o jogador controla um coelhinho que transforma coisas odiosas em algo bom. Uma campanha que impacta, empatiza e coloca o consumidor como parte do meio, e não apenas fala: "Esse é o novo motor Honda, menos poluentes, menos isso, mais aquilo..." (lovemarks, lembra?)
A animação foi dirigida pelos consagrados Adam Foulkes e Alan Smith do estúdio Nexus. Inclusive uma banda com o nome de “Be Nice to the Pigeons” foi formada para tocar a canção-tema do comercial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário